almador
CONTOS


Eu clamo a São Francisco, esperando uma resposta. Uma que resolva ou equacione a falta que apavora.
Apavora as divisas e desacelera as vontades de ir e voltar, de sentir e tocar. De beber.
Em meio às preces diárias, enxergo, de joelhos, os caminhos que se formam por debaixo.
São linhas? Teias? Não sei.
Com os olhos entreabertos, aguardo um sopro que venha molhado. As mãos unidas pedem para nem sei mais quem. Os pés, descalços, andam me fazendo acreditar ser maior que tudo isso.
Posiciono o chapéu sobre a cabeça, faço da sombra uma utopia. Dela, uma verdade, verdade que repito. Levanto e percebo que nada mudou: o gato continua sua caçada, que termina no próprio rabo. A garota permanece apoiada na parede de tijolos; como eu, espera: “Matar o tempo antes que o tempo te mate”.
Oh! tempo, fique parado por um instante. Deixe que a morte venha, se aproxime, leve com ela a falta, a desesperança, o vão, o nada e a sede. É o que lhe peço.
Amém.